Vamos lá vou
gastar minha vã filosofia para produzir uma breve reflexão sobre
mercantilização infantil. Tenho vagas lembranças dos brinquedos, das roupas, ou
tênis que tive na infância, não foram muitos com certeza não houve festas, nem
por isso fui menos feliz.
Lembro muito
bem de brincar com latas de sardinha para cavoucar na terra do quintal de casa,
de passar tardes batendo martelo pra construir carrinho de quatro rodas, ou de
caçar vaga-lumes no potreiro à noite, a saudade que tenho desse tempo é de não
ter preocupação ou valoração alguma.
Não tenho
estatísticas nem explicações mercadológicas ou sociológicas para o fenômeno da
mercantilização infantil, mas percebo que há a construção de sonhos voláteis
nas crianças e em seus pais que se materializam de acordo com a grana investida.
Há proliferação de bufês infantis que custam uma fábula para a realização de
uma festa, equipes de decoração uma verdadeira indústria que produz desejos e
os vende. Com o advento das redes sociais e do exibicionismo há maior
facilidade de acesso ás mega produções
infantis. Às vezes percebo que a realização dos pais é maior do que da criança
que na grande maioria das vezes se preocupa em brincar em se despreocupar de
tirar fotos e de soprar as velinhas. A indústria midiática fabrica sonhos
produz desejos com a intenção justamente de vendê-los, isso mesmo de vendê-los,
pois o que se quer no fundo é a obtenção de lucro, além disso, vejo também uma
excessiva adultização das crianças, meninas e meninos com maquiagem unhas
pintadas e roupas de adulto. Em tempos de Natal tudo isso se intensifica, uma
festa cristã que marca o nascimento do messias que na
grande maioria das vezes é deixado de lado em detrimento do abuso mercadológico
que entra em nossas casas todos os dias, trocar presentes é muito bacana mas o
que percebo é que essa data é na realidade manipulada pelo mercado para a
obtenção de lucro.
Isso revela a
mercantilização das nossas relações sociais, exprime uma máxima de que nossos
sonhos podem ser comprados, desvaloriza nossa humanidade nos torna cada vez
mais dependentes de coisas e menos afetuosos. Não abomino a mercantilização
vivemos em um mundo capitalista, acredito que junto com tudo isso deve vir uma
educação emancipatória por parte da humanidade para produzir uma melhor relação
com o mundo e com os outros, e deixar a crianças serem simplesmente crianças.
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