segunda-feira, 24 de junho de 2013

Devolução???




"Sobre Devolução"...
ola pessoa, hoje decidir colocar esta fato, eu estava vendo o facebook, e vi esta postagem, começei a ler em voz alta para meu marido, ai no final já estava chorando, e resolvei devidir esta triste realidade com vocês.

Hoje M. e C., casados, habilitados, 32 anos, foram a Vara da Infância e devolveram P., que levaram (em guarda provisória) há 2 anos. A equipe técnica questionou o motivo e recebeu como resposta que P. apresentou defeito. Aparentemente um “vício oculto” (Código de Defesa do Consumidor Art. 26, § 3º, que “tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito”), que apareceu agora, depois de dois anos de convivência. Não ficou muito claro qual seria o “defeito” de P. Parece que fazia birra, não gostava de fazer os deveres e estava comportando-se como pré-adolescente. M. e C. não se sentiram preparados para lidar com esses “problemas”.

M. e C. não buscaram, ao longo de 2 anos, qualquer apoio psicoterápico, não buscaram ajuda, não frequentaram grupo de apoio à adoção tardia.
M. e C. fizeram um experimento e entendem que não foi satisfatório, assim, o destino do mesmo é o descarte.
P. foi ouvido. Disse não saber o que tinha acontecido que não queria voltar para o abrigo, que queria ficar com seus pais M. e C. Não adiantou os pais de P. não o queriam de volta e foram embora da vara lá deixando P., duas malas, uma bicicleta, um skate. Despediram-se, desejaram sorte, entraram no carro e retornaram para um “mundo perfeito”.
Não ocorreu qualquer tumulto no acompanhamento da devolução desse “produto”.
P. voltou ao abrigo – é mais fácil tratar por abrigo as entidades de acolhimento institucional – e encontrou o local superlotado – hoje não existem vagas nas entidades de acolhimento institucional da capital. P. dividiu um quarto com mais 5 crianças, manteve suas roupas na mala e tentou dormir. Acordou. Sua bicicleta já era a festa da garotada, assim como seu skate. P. não era mais o dono desses bens, pois, no abrigo não existe tal individualização, no abrigo a é tudo “coletivo”. P., 10 anos, não entende o que aconteceu. Estudava em um bom colégio de classe média alta no bairro da Água Bela e acabara de receber uma camiseta de um colégio público próximo ao abrigo. P. estudava inglês, fazia futebol e natação. P. soube que não poderia mais realizar tais atividades, pois, a realidade era outra. Passou a ser acompanhado pela psicóloga do abrigo. Ele parecia não entender o que acontecera. Tornou-se introspectivo, ficava horas olhando para o portão a espera de alguém que nunca vinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário