Maiêutica: a arte da Obstetrícia no processo de adoção.

Bom, hoje comemoramos o dia nacional da adoção, não gosto muito da instituição de dias comemorativos como esses, no entanto, isso se torna uma bandeira importante para a discussão de temas e políticas que deveriam ser discutidos cotidianamente. Há algum tempo eu e minha esposa nos propomos a discutir sobre a possibilidade de adotarmos uma criança, na realidade essa ideia já povoava meu pensamento desde a época em que trabalhei em uma instituição filantrópica em São José dos Pinhais: “O patronato santo Antônio” onde tive contato com a realidade de crianças que não são assistidas por seus progenitores. Em agosto do ano passado o mês de meu aniversário demos entrada no fórum ao processo legal de adoção, e junto com tal processo legal iniciou uma reflexão interminável sobre uma série de conceitos que fazem parte de nossas vidas, como por exemplo, família, educação, futuro, economia, genética... “O mundo”.

A reflexão desses temas lembra muito uma metodologia filosófica típica de um grande filósofo Grego: “Sócrates”, chamada Maiêutica, ou seja, a arte de parir ideias, e todas as pessoas com as quais me relaciono fazem parte dela, em um movimento dialético no sentido mais simples e complexo possível “o diálogo”, o confronto irônico das ideias. Como educador acredito muito no poder dialético transformador do diálogo, um diálogo externo com diversos interlocutores de ideias com cores diferentes e um diálogo interno como diria Drummond “ensimesmado”, talvez o mais duro de todos. Em minha mente tenho uma ideia fixa: um resultado razoável, absoluto de tal equação (garantia de que tudo será como no país de Alice ou no mundo de Poliana, perfeito.) não conseguirei chegar, pois o tema a que me proponho refletir é um tema eminentemente humano e pelo fato de ser humano não há mecanicismo científico nenhum que garanta uma relação causal evidente e segura, ou seja, o controle total do que irá acontecer. O fato de me deparar com a ausência de um resultado absoluto me trás um sentimento também extremamente humano e do qual não podemos fugir: a angústia. O devir e a humanidade me impõe deterministicamente tal condição da qual ninguém será capaz de fugir em suas vidas. Pais com seus filhos biológicos também passam por tal condição, o que será do futuro do mundo em que meus filhos vão habitar? Será que ele vai ser perfeito? Será que ele usará drogas? Será que ele será estudioso? Ou, o filho do professor dará problemas na escola?

Não há ciência alguma que garanta respostas a tais problemas, e o grande barato de tudo isso é que o processo de adoção nos impõe tais reflexões típicas de uma família consciente em processo gestacional.